sexta-feira, 19 de junho de 2009

LENDA DA MANDIOCA (do tupi Mani'oka) - Reconto

Uma passagem pitoresca...
Pensei duas vezes antes de fazer essa postagem. Espero que gostem e me ajudem a pensar mais. A turma riu bastante, mas, acerca das palavras refletimos muito, professora e futuros pedagogos, em nossa roda de conversas sobre mitos, pré-conceitos, linguagem, conceitos de infância e concepção de criança.

A narrativa trouxe elementos originais e interessante para o pensar duas vezes.
O menino, que tem 8 anos, advertiu o acadêmico Daniel Paz que não iria lhe recontar nada, até porque tudo o que ele falasse poderia ser usado contra a sua pessoa nos tribunais. Essa criança colaboradora vem de uma família de advogados: pai, mãe e irmã. Porém, em sua pressa, o menino aceitou fazer desenhos referentes ao conto.

- Um episódio estranho, bizarro ou hilário?

Durante a conversa que antecedeu o trabalho da dupla, Daniel e Diana Kelly, que estava interagindo com essa criança a fim de descontrai-la, o acadêmico lhe falava sobre um caso de uma criança comprar alguma coisa para sua mãe bem próximo da residência delas. Ao que ele interveio dizendo que aquilo era uma “improbidade administrativa” (administrador desonesto; administrador de má-fé; vantagens indevidas; corrupção administrativa). Deixando os dois acadêmicos boquiabertos.

- Exemplo de uma criança inteligente ou de um adulto em miniatura?

- As crianças reproduzem ou simplesmente fazem releitura e recolocam palavras em contexto diferente do âmbito privado da casa? Quando essas palavras familiares tornam-se parte do repertório pessoal? É a palavra-mundo da família? A competência do falante desvela o locus sociocultural. E a escola?

- Qual o sentimento de infância e suas relações com as realidades vividas e percebidas?
Sobre seu desenho ele ficou surpreso ao perceber que a palavra oca que escreveu acima da casa dos índios, estava "dentro" da palavra mandioca - que ele pôs no canto esquerdo superior da cartolina e bem acima dos desenhos que ficaram na parte inferior.

domingo, 14 de junho de 2009

Conto e Reconto: representações

O Reizinho Mandão, de Ruth Rocha
O menino de 10 anos, ouviu o conto das acadêmicas do 3o. semestre, do Curso de Pedagogia, Célia Maria e Regina Célia.

Interrogações surgiram, por que ao invés de recontar, L. preferiu desenhar e construiu as falas/pensamentos nos balõezinhos. L., estuda no 7o. ano.

Os acadêmicos ficam sempre preocupados quando se deparam com essa resposta diferente do que esperavam.

Por que as crianças maiores não correspondem? Não gostaram muito do conto? Não gostam de recontar? Inibem-se? Tem medo? Ficam inseguras? Estilos diferentes?

As crianças menores, ao contrário, colocam-se mais à vontade para recontar. Olham nos olhos, sorriem e fazem gestos. Por que a diferença?

Detalhes do desenho de L.

O Reconto e a Análise das Acadêmicas de Pedagogia (3)

O Pequeno Polegar (menina, 5 anos)
É porque a mãe deles estavam muito triste, porque eles tinham sete filhos, porque eles eram muito pobres.
O pequeno polegar estava escondido, daí o pai resolveu deixar as crianças na floresta, daí o pequeno polegar ouviu tudo, daí ele pegou os pãezinhos, daí eles voltaram para casa deles, mas, os passarinhos comeram tudinho.
À noite, viram o castelo muito grande. A mulher falou, aqui é o castelo do gigante, pode entrar, tem lugar p'ra todos vocês! Vou esconder vocês debaixo da minha cama.
Daí a mulher disse pro gigante: vamos comer o nosso almoço, essas crianças são muito "fininhas" e não dá p'ra comer.
Daí ele colocou a coroa na filha dele e célebro nas crianças.
Daí as crianças escaparam.
Ele ficou escorado no pé de uma árvore.
As crianças pegaram a bota mágica, ela foi aumentando e eles fugiram.
Daí, o pequeno polegar virou carteiro.
Daí, ele deu p'ra todo mundo da cidade.
A contextualização das acadêmicas Paula Fernanda e Ruth Gonçalves, do 5o. semestre de Pedagogia.
"Nosso Olhar"
Durante a contação da história, a criança demonstrou-se muito contente. Conseguiu contar a história inteira, porém, esqueceu alguns detalhes. O que é normal. Achamos que ela gravou na memória muitas partes. Sempre perguntava o que iria acontecer depois.
Na verdade, a parte que ela mais gostou não tinha tanto encanto. Foi o final, quando o menino virou carteiro. Talvez pelo fato de ser uma bota voadora. A contação de histórias p'ra ela é uma fuga do real.

O Reconto e a Análise das Acadêmicas de Pedagogia (2)

O Lobo e os Cabritinhos (menino, 3 anos)
O Lobo Mau pintou a mão com tinta e soprou a casa dos filhotes. E os filhotes correram, mas, o lobo comeu eles. A mamãe dos filhotes abriu a barriga dele e fechou com "predas". E o lobo bebeu água e morreu. E acabou a história.
A contextualização feita pelas acadêmicas Antonia Juciléia e Rozeane Rodrigues, do 5o. semestre de Pedagogia.
Notamos que o L. introduziu um fato não mencionado por nós: o sopro do lobo. Acreditamos que ele tenha "transportado" essa situação do conto "Os Três Porquinhos", pois, esta historinha é bastante conhecida.
Percebemos que ele focou os fatos relacionados ao vilão do conto. Acreditamos que esta "supervalorização" das atitudes do lobo se dê por conta de ser um personagem comum nos contos infantis. L. nos perguntou o que eram cabritinhos, ele não reproduziu oralmente esta palavra, sibstituindo-a por "filhotes".
Durante nossa narrativa, o L. manteve-se calmo e curioso, interrompendo-nos poucas vezes para perguntar: o que eram cabritinhos, o poço e por que a mamãe cabra abriu a barriga do lobo e se havia sangue dentro do lobo nesse momento.
É interessante perceber a liberdade que o L. teve para o reconto. Não estávamos preocupadas com a quantidade de elementos que ele lembraria, mas, em compreender por que algumas situações são mais significativas que outras para a criança.
Foi uma atividade que nos deu um olhar mais criterioso em relação a oralidade. Concluímos que o ato de contar histórias desperta a imaginação daquele que ouve e possibilita interlocução entre contador e ouvinte. Durante a atividade sentimos o calor humano que o contar história proporciona.
Imagem: Mother and Child, de Pablo Picasso (1905)

O Reconto e a Análise das Acadêmicas de Pedagogia (1)

A Bela Adormecida (menina, 7 anos)
Que era a princesa que nasceu. Que era p'ra fazer o batizado, mas fizeram uma festa e foi convidada todas as fadas. Os presentes: beleza, saúde (pausa) não tem felicidade. A bruxa não foi convidada aí ela foi lá jogou feitiço p'ra princesa furar o dedo e tinha uma fada que não tinha dado nada, então, ela falou p'ra princesa não morrer era p'ra ela dormir. E aí, a princesa furou o dedo e dormiu até um príncipe corajoso foi lá (risos), beijou a princesa e foram felizes p'ra sempre.
A contextualização da acadêmica Maria José, do terceiro semestre de Pedagogia.
Na hora do conto, a criança ouvia atentamente os detalhes e com riso nos lábios. Apesar de vivermos em pleno séc. XXI, os contos de fadas ainda são algo que despertam a atenção, o prazer, o lúdico, e dão asas à imaginação da criança despertando-lhes fantasias, traz à tona lembranças, sonhos, medos, associações e desejos, muitas vezes reprimidos.
A criança gostou muito de ouvir o conto e, principalmente, do momento da festa do batizado da princesa, a qual relacionou com a festa de seu aniversário que se aproxima.
Quando a criança colaboradora foi chamada para realizar a atividade estava assistindo TV e a mesma não relutou em momento algum por ter deixado de acompanhar um de seus programas preferidos para ouvir o conto.

domingo, 7 de junho de 2009

PROJETO CONTANDO E RECONTANDO HISTÓRIAS

Contando e Recontando

Participantes: alunos e alunas de Pedagogia e suas crianças colaboradoras.

Objetivos:

- Vivenciar a corporeidade através do conto. (Há quanto tempo não se olha nos olhos? modula-se a voz, percorrem-se as fantasias, convida a criança, se embala com ela, mas, sem um coelho branco a nos apressar? Qual criança?).

- Aproximar conto, cotidianidade e protagonismos.

- Reescrever relações, imaginações, possibilidades e letramentos nas trilhas do conto, do olhar, do gesto, do sentimento, da evocação, do re-criar, da releitura e autorias.

No corpo, a imaginação - o processo criativo se desenrolam, cria-se o que não se tem, se deseja... Não é possível? Inventa! A falta abre brechas. As coisas em volta simbolicamente se transformam no objeto do desejo. Faz-se de conta! Se com Lacan nos constituímos sujeitos, em Wallon nos construímos como pessoas. Somos o Outro, o imaginário que nos constitui, um espelho em busca de sua sombra, semblante, auto-imagem. Aos poucos vamos construindo a nossa autoria pela linguagem, no processo de querer dizer ao Outro. Imaginar, reinventar, reconstruir-se. As pessoas se sentem felizes quando alguém lhes dá a devida atenção, a criança exige-nos o prestar mais atenção nela. E nós, na escola, exigimos sua atenção. Até que ponto há sincronicidade? Assim das (des)atenções nasce o princípio da alteridade - da Outridade. Para Lacan, o Outro tem letra maiúscula.

Em Wallon, a construção significa que a nossa personalidade se prolonga no tempo, em Lacan, ao nos constituirmos como sujeitos, provocamos um momento de ruptura nesse estado, no estar. Assim buscamos nos diferenciar no sentido afetivo-cognitivo, orientados pela evolução da consciência de si e do Outro. Tornamo-nos pessoas completas por sermos marcados de contradições e conflitos de ordem emocional, afetiva, cognitiva e motora. Nada linear.

Wallon marca o papel das emoções para a constituição de nosso psiquismo e Lacan ressalta a função da linguagem que tece o sujeito e o social, a Outridade. O sujeito se estrutura nas falas e a palavra sustenta seus sentidos. As crianças e nós, como seus aprendentes, nos desenvolvemos com o olhar walloniano, as implicações educacionais e ao mesmo tempo desenvolvemos a escuta lacaniana, aprendendo a dialogar com as estruturas desse ser em intenso movimento.

Presença pedagógica e terapêutica: ouvir histórias, imaginar, fluir-se. É uma questão de ser, sentir, estar próximo ao Outro, imaginar, ter atitudes - saber e fazer!

Vem José Paulo Paes (s.d.), na releitura de La Fontaine, poetizar:

A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.
Mas sem a cantiga da cigarra
Que distrai da fadiga
Seria uma barra
O trabalho da formiga.

Saber-Sentir-Agir. Saber ciência, saber cultura, saber experiência, saber agir, saber sentir, saber olhar, saber pensar... é o mundo do conhecimento!

Com o olhar walloniano – das emoções e sentimentos que unem – e a escuta lacaniana – que reparte o que é da ordem do imaginário, da fantasmização, de identificação com o outro – e aponta as singularidades, em busca do seu diferencial, e paradoxalmente, de ser o outro da novela de rádio – cruzada, modificada, multiplicada. E o mundo se torna complexo. A palavra verdadeira – uma busca sem fim – onde a dinâmica semiótica é suscetível de remanejar o que for imaginário ou contingente. Entre o contador de histórias e o ouvinte, o leitor e o autor, existem trocas simétricas contínuas. Redescobrindo-se!

Espera-se com esse trabalho aprender ensinando, movimento contínuo - processo simultâneo, recíproco, paralelo - ainda mais com os acadêmicos e suas crianças colaboradoras sobre literatura - em ação - na práxis infinitamente complexa. Cuja didática é a ciência! O aprender pela pesquisa cotidiana, de saber escutar, saber ver, saber pensar para sentir e (res)significar mais!

Encaminhamento:
- Escolher uma criança que colabore com a sua forma de olhar a leitura, a ouvir uma história e perceber como ela ouve e destaca as partes ou o conjunto do que lhe é contado.
- Escolher uma história diferente, algo que ela não conheça bem, não tenha lido ou ouvido, contar a história e pedir que ela reconte.
- Se possível, gravar o reconto, mas, de preferência, de uma forma espontânea e natural.
- Transcrever sua fala, fazer a comparação e analisar os discursos.
- Ao final, pedir que a criança desenhe a parte da história que mais gostou e depois que escreva/transcreva a frase ou palavra-mundo que mais chamou sua atenção.

A atividade pode ser feita individualmente ou em duplas.

Qual é a função do conto? Qual relação existe entre oralidade (poder criador e mutabilidade) e escrita (imutabilidade e imortalidade)?

"Não devemos nos surpreender se somos levados a considerar com olhos novos aquilo que pode ser o papel da oralidade na Grécia" (HAVELOCK, 1996).

Reconto: O Reizinho Mandão, de Ruth Rocha (2)

C. C. M. L. S. T., de 4 anos de idade.

Era uma vez um sapo cheio de bolinhas, e aí o rei diz: "cala a boca". E a menina falou: "cala a boca". E ele, o rei, parou de falar.

A menina dava risadinhas durante a contação da história pelas acadêmicas de Pedagogia, Maria Betânia Silva e Shyrlene de Maria. Pensavam que ela estava distraída e não lhes despendia a atenção desejada. A criança sempre filtra a parte que mais lhe interessa, chama, desperta e daí segue o seu significado, com uma lógica propria. E bem diferente da nossa.

Ao contrário da menina, o menino I. S. T., de 8 anos de idade, que cursa o 3o. ano, não apenas prestou bastante atenção, mas, como escrevem as acadêmicas, essa criança, embora tímida, segundo elas, "ficou COMPLETAMENTE CONCENTRADA". Eis o seu reconto:

Era uma vez um reino que era bem feliz, um dia o rei morreu e ficou o filho como rei e ele colocou as regras. Que um dia à meia-noite não poderia cortar a unha do dedo miudinho. E o rei ficou cansado e mandou todo mundo calar a boca. E todo mundo esqueceu como se falava, e todos ficaram sem falar. Aí, o rei ficou até feliz. E ficou enjoado de tanto silêncio.
E foi procurar ajuda lá no outro país, estava procurando alguém para ajudar ele e ele achou um velhinho bem miúdo.
E o velho colocou o seu dedo no nariz e falou para ele como desfazer a maldição e ele foi procurar no reino e batia de porta em porta e aí quando ele bateu em uma porta onde as janelas estavam fechadas, e o rei gritou: "não adianta fingir que não tem ninguém aí". E a porta foi abrindo devagarinho, devagarinho e a velha com uma cara desconfiada virou o rosto, e o rei mal-educado foi entrando e achou uma menina lá no fundo da casa. E ele ficou perturbando a menina. E a menina disse: "cala a boca seu pai já morreu, quem manda na minha boca sou eu".
E ele saiu do reino e foi transformado em sapo e só o beijo de uma princesa poderia desencantá-lo e deu seu reino p'ro primo.

Reconto: O Peru de Peruca, de Sonia Junqueira


Era uma vez, o Ari...

... ele foi em um buraco e encontrou uma peruca. Ele encontrou a coruja saindo do buraco.
A coruja se espantou.

A arara Mara chamou o urubu, desesperada falou tudinho. Falou que tinha uma fera dentro do buraco. Seu urubu falou que era curioso e falou que ia matar a fera. Depois ele ficou assustado pensando que era uma fera, aí o urubu tirou a peruca do peru Ari. No final todo mundo ficou rindo.

Esse reconto foi feito pela criança colaboradora de Aline Pantoja, é uma menina que estuda no 1o. ano de 9 anos. Deve ter por volta de 5 anos e meio de idade.

Aline perguntou à menina porque havia desenhado uma careta ou outro rosto acima da cabeça do peru e ela prontamente lhe respondeu: era a cara da fera!

Sabemos que uma criança desenha e algumas vezes acaba mudando o significado dependendo do seu interlocutor ou do seu humor no momento. Por isso acompanhar o ato da escrita, da rabiscação ou do desenho faz parte do processo de nossa aprendizagem. Aprendemos com a criança no ato de suas marcas autorais.

sábado, 6 de junho de 2009

Reconto: A Luva, de Tatiana Belinky (poema de Schiller, 1785)

É a historia de uma princesa...
...que vivia sozinha em um castelo e era muito triste. Um dia ela foi ao parque com um cavaleiro que gostava muito dela. Três leões se soltaram e ela falou para ele pegar a luva dela. Ele ficou triste, mas foi... Ficou muito chateado por ela ter mandado ele ir lá. E depois foi embora.
Luana, de 10 anos de idade, recontou a Elvys Tota, acadêmico de Pedagogia, que se surpreendeu com a compreensão - ao modo de sua criança colaboradora - acerca do conto escolhido sobre o envolvimento da donzela Cunegundes com o cavaleiro Delorges... E para o acadêmico "pensei que a criança expectadora fosse ter dificuldades de recontar a historia (...) são demonstradas varias competencias com seu reconto (...) vemos a propria entonação sendo desvelada e recontada de maneira que se verifica sentimentos repassados pela propria criança". A menina revelou ainda a ele que "somente a professora lhe contava historias e com um livro em mãos". Aprendeu com ela quando procurou "enfatizar o olhar direto para a criança, à busca do mágico durante o contar e, principalmente, se utilizar de todos os elementos existentes para que não fosse absolutamente nada fora da historia de Tatiana Belinky". Ao finalizar conclui que "o mundo mágico dos contos faz com que as crianças ampliem a imaginação e desejem o diferente e não o predeterminadamente perfeito. Voar... Voar. Isto é literatura".

Reconto: A historia de Rapunzel


Era uma vez...

Assim a criança colaboradora de Ana Sueli e Gilvan, uma menina de 5 anos, recorreu ao jargão tradicional para iniciar o seu reconto. O ponto alto da historia, nas palavras gravadas e transcritas pelos acadêmicos, se deu quando ela refere que o pai aceitou... aí o pai deu o bebê p'ra ela. A bruxa levou a criança, depois ela cresceu, cresceu, cresceu. O cabelo de ampuzel cresceu muito. "Ampuzel jogue sua tança com de mel". A bruxa cotou o cabelo de Ampuzel. Aí quando o príncipe chegou ficô tisti e furô o olho com um pauzinho. Ampuzel cantou e o príncipe escutou e ficou feliz pra sempre.

Reconto: O Patinho Feio

André Serrão e Patrícia Dias escolheram "O Patinho Feio", um conto clássico para vivenciar com a sua criança colaboradora essa experiencia de contar historias e saber ouvir da criança a sua propria versão. A percepção que tiveram do sentir-imaginar da criança se resume a "tudo nos fez pensar que as crianças possuem um grande potencial criativo e que, muitas vezes, nós, adultos não valorizamos". Patrícia conclui dizendo "penso que valorizar a autoria e a criatividade infantis é o primeiro passo na formação de leitores críticos e, quem sabe, na de futuros escritores". E para André "quantos professores já não contaram uma historia para os seus alunos, mas, nunca pararam para escutar a versão de cada um".

Christian quis dobrar a folha em forma de livro e assim reconstruiu a historia em sequencia, numerando as páginas e construindo o diálogo fora de cada quadrinho... Confira, no filme abaixo, o seu reconto:

Período Contemporâneo da Literatura Infantil - Reconto

O Reizinho Mandão
Ruth Rocha, em O Reizinho Mandão, usou da literatura para fazer seu protesto contra a política que estava instalada, em nosso país, na época da Ditadura Militar. As pessoas tinham que permanecer caladas, sem vez e nem voz, sem poder dar opinião para que a situação mudasse.
Através de sua alegoria, Rocha trouxe esse protesto. Quando trabalhamos literatura com as crianças podemos fazer com que expressem suas opiniões e sintam-se valorizadas.
Literatura Recontada e Teatralizada em sala de aula por: Célia Maria de Moraes Silva, Elisângela Cordovil Silva, Maria Betânia Silva, Regina Celia Fernandes e Shirlene Santos.

Período Tradicional da Literatura Brasileira Reconto

A Galinha Ruiva
A fábula retrata a historia de uma galinha que além de ser ruiva dedicava sua vida a trabalhar, enquanto os outros animais da fazenda não se preocupavam em preparar seus alimentos.
No final, com o pão feito do cultivo, colheita e preparo, feito pela galinha, todos querem provar, mas, a personagem principal deixa bem claro: quem não trabalha, não come.
Torna-se evidente a característica do período tradicional da Literatura Infantil, a necessidade de transparecer e conservar os valores sociais, familiares e consagrados da propria sociedade. O individualismo é discriminado em todos os momentos, pois, cada um dos animais responde, individualmente, à solicitação da galinha ruiva - para que participem do processo de preparação do pão e não há, em nenhum momento, a reunião deles para somar forças para ajudar a penosa.
Ao contrário, permanecem estáticos e indiferentes a todo esforço da galinha que, sem interromper seu trabalho, busca produzir e colher os frutos do próprio esforço.
São pequenas regras sociais transmitidas aos adultos em miniatura, que a eles somente resta obedecer e aprender os valores e as proibições socialmente aceitas. Esta fábula surge em um momento que se faz necessário valorizar a propriedade privada e o trabalho conquistado com orgulho e suor. É doutrina social, mas, também, se torna elemento necessário para educar e reter informações "significativas" - em uma época de ditadura - no imaginário infantil.
Manipuladores de Marionetes: Aline Pantoja de Oliveira, André Serrão Santana, Daniel David Paz, Diana Kelly Magno, Elvys Dennys Tota e Patrícia da Silva Dias.
Se você quiser conhecer ou revisitar a fábula de "A Galinha Ruiva", acesse ao seguinte vídeo:

Período Clássico da Literatura Infantil Reconto


- Que boca grande você tem?

- Quem nunca ouviu essa clássica frase?

Chapeuzinho vermelho é uma historia recontada de geração em geração por diversos "autores". Como não poderia ser diferente, a recontação também é baseada na versão dos Irmãos Grimm, mas de uma forma cômica. Cada um de nós reviveu, em sala de aula, os já consagrados personagens: lobo, mãe, vovó, caçador e a protagonista Chapeuzinho Vermelho. Reconstruímos os personagens com o nosso olhar criador, cada um dos participantes representou uma personagem à sua maneira.

Analisando numa perspectiva histórica, veremos que as historias infantis não eram destinadas ao público infantil, mas serviam para imprimir valores morais pelos adultos. Graças a diversos pesquisadores e escritores, hoje contemplamos, admiramos e até nos vemos como personagens centrais de cada conto.

Então, qual é o seu conto? Que versão você dá a essa historia tradicional, mas, de certa forma tão em evidencia nos dias de hoje?

Protagonistas: Fábio Mendes de Brito, Maria José Marinho, Neilane Rodrigues, Suellen Vilhena e Wilma Bastos.