sábado, 3 de outubro de 2009

TITANIC - lenda viva

PROCESSO DE LETRAMENTO: memorial dos adultos colaboradores de acadêmicos de Pedagogia

A manchete "NAVIO NAUFRAGOU NO ATLÂNTICO NORTE E MATOU 1500 PESSOAS", está na memória de uma lúcida senhora de 103 anos, descendentes de escravos, que diz ter aprendido a ler em 1912 à bisneta, aluna do segundo semestre de Pedagogia da Faci. Ela sofreu muito preconceito na época e ao tentar ingressar em um programa de alfabetização do governo na década de 40, sofreu novo preconceito: mulher não devia estudar. E negra. Hoje se sente muito satisfeita com seus bisnetos, netos e filhos, pois, todo mundo pode aprender a ler.

A família diz que a matriarca tem mais idade do que está em seu registro, pois, foi a data que cartorizaram a sua cidadania.

Os alunos do curso de Pedagogia aprendem muito com as histórias de letramento de patriarcas e matriarcas de sua família ou amigos, é o retrato de um Brasil, daí começamos a conversar sobre a evolução histórica dos métodos de alfabetização. Tem muita história do lugar, da política, da cultura, das marcas. Delineamos a história a partir da Ego-história, no laboratório vivencial das aprendizagens. O ensino se torna mais concreto, compreensível, pois, o aluno - com as suas referências vivas - se percebe no movimento através do pensamento reconstrutivo.

Segundo Nietszche "nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmos, somos desconhecidos - e não sem motivo. Nunca nos procuramos". Estudar dessa maneira com os alunos é se sentir aprendente com eles da história que vamos reconstruindo e nos percebendo nela. Assim considero-me mediadora do conhecimento entre a história sistematizada, os acadêmicos e suas referências, reconstruindo nossa cidadania e co-autorias.

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