terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Fechamento de um ciclo de trabalho: sonhos, sonhos são!


A vida é sonho, segundo Calderón de la Barca (2008; 1635). Concordo, também sei que sonhos se renovam. Esta página perdeu o objetivo para a qual foi criada, blogagem coletiva proposta em sala de aula. Espero não fechá-la em definitivo. Porém, peço paciência histórica aos leitores que apreciaram esta iniciativa, além de agradecer a credibilidade no trabalho pedagógico de um grupo de alunos e sua professora.

Alunos e Alunas de Pedagogia deram o nome "literagindo" e eu complementei com "paraoara", pois, descobri que havia outro blog com o nome que eles escolheram.

Começamos a postar em maio de 2009. Mas, a disciplina terminou ao final do semestre, junho de 2009. Uma nova turma estaria começando agora neste primeiro semestre de 2010.


Mas, a faculdade que eu estava ligada resolveu fechar as portas para o curso de Pedagogia e mandou embora boa parte de seus professores. O curso teve a maior nota na avaliação do Mec. E eu fui considerada pelos acadêmicos a professora nota dez, durante avaliação institucional. Vale como consolo.

O problema é que abriram muito cursos de Pedagogia e com a mensalidade a preço popular.

A faculdade optou em ficar somente com os cursos de graduação na área de administração, direito, engenharia e ciências contábeis. A educação saiu dos planos da instituição.
Pedagogia irá até a última turma concluir, em 2013.

Quantos livros adquiri sobre literatura infantil e tantos outros livros de histórias para criança e de todas as idades. As crianças colaboradoras ajudavam os alunos a pensar e a postar no blog suas idéias maravilhosas e fazê-los conhecer mais sobre protagonismo e retextualização.

Vários alunos gostaram de passar pela experiência, e deixo logo abaixo, algumas frases destes e daqueles que ficaram inquietos, mas, não indiferentes.


M.B.V.: A HQ foi um recurso bem especial para desenvolver habilidades de criar histórias e desenhar; o Blog apesar de algumas dificuldades é um recurso dinâmico.

N.M.: A disciplina surpreendeu, impactou e inovou. A utilização da internet, como entretenimento e espaço de cultura, construindo conhecimento e contato com professores, escritores, o meio acadêmico ou não, sobre a literatura escolar infantil nos coloca atualizados com a realidade de muitas crianças em nosso país.

S.V.: Destaco o blog que foi uma atividade muito boa, por criar algo seu e postar suas idéias e ver o que as outras pessoas acham, dando sua opinião e algumas idéias. Aprender e conhecer outras idéias diferentes de pessoas distantes e de outros lugares.

F.B.: "...apesar da metodologia blogariana não ter sido aceita por alguns...".

N.S.: Em relação à blogagem, ainda estou aprendendo a trabalhar, mas, considero muito interessante essa nova forma de comunicação.

S.V.: O Blog foi uma atividade muito boa, legal e interessante, apesar de não ter me identificado, mas, posso dizer que aprendi e sei criar um, saber manuseá-lo e talvez eu crie um para utilizar de verdade.

W.B.: Foi inovadora, pois, nos propôs as HQ’s e a interação com o ambiente virtual, onde podemos expressar nossas experiências e ter contato com as de outras pessoas. Isso foi muito interessante e que contribuiu muito para nosso crescimento intelectual.

E.C.: Se houve divergências, me excluo delas. É bom utilizarmos de novos recursos para expandir a educação neste país e com outras escolas. Que felicidade poder compartilhar com uma professora apaixonada por este mundo mágico da literatura, que nos reporta a fatos da nossa infância e esquecidos na memória. O meu Monteiro Lobato atual está sendo a senhora com suas experiências. Continue sendo autêntica e inovadora!

R.J.: Outra contribuição inesquecível foi a criação do blog. Na verdade, um desafio para mim, que apesar de fazer parte da geração internet, faço uso irregular do computador e não tenho conhecimentos suficientes para fazê-lo. Só lamento a falta de tempo para impulsionar o meu blog, pois, não tenho computador nem em casa, tampouco no trabalho. Espero ter tempo de “alimentá-lo”. Só tenho a falar sobre a lentidão da conexão da internet que impossibilitou em meu caso de agilizar a criação do blog.

G.P.: A intencionalidade da professora de envolver de uma maneira mais prática os alunos fazendo uso de recursos (material didático) e recursos eletrônicos (utilização do computador para a construção do blog), motivaram-me a dedicar-me mais na disciplina.

N.P.: Achei fantástica a idéia do blog, pois isto nos fez produzir mais, pelo menos eu, a todo momento estou lá divulgando coisas do meu aprendizado. Poderíamos ter tido mais aulas no laboratório, pois só pude estar em uma, porque as outras foram no período da tarde e eu estava no trabalho, mas, mesmo assim quando eu chegava em casa, já ia logo para o computador para saber quantos visitaram meu blog, se deixaram comentários, ficava triste em ver que somente uma pessoa comentava, mas, estes comentários valiam, pois, me davam mais vontade de produzir e ainda me dá. Assim que sair de férias meu blog vai estar completamente atualizado e com novas postagens.

A.P.: Em relação à blogagem, com as postagens e com todo o envolvimento coletivo da turma, considero uma atividade necessária e pudemos relatar todas as nossas experiências com a história infantil.

A.J.: A metodologia considero exemplar. Em suas aulas dinâmicas, ultrapassamos as nossas expectativas, pensávamos que seria uma disciplina bastante teórica. Tivemos experiências fantásticas através da dramatização, pesquisa, diálogos, socializações e do blog. A iniciativa foi bastante inteligente e para mim muito prazerosa. Pena que me falta tempo para continuar freqüentando o meu blog e o da turma, pois, não possuo internet em casa e ainda estive fazendo estágio supervisionado pela manhã e à tarde e à noite na faculdade, o que me tomou bastante tempo.

D.K.: Foi a disciplina mais brilhante de todas. A construção de um Blog, que até então desconhecia o significado do mesmo.

E.T.: É o momento mais rico da aprendizagem. Em que se trocam falas, dizeres, saberes e se constituía verdadeira “net” (rede) entre todos os saberes criantes e recriantes. Todas as atividades foram intensas e perpassam momentos de autodescobertas e vôos de sentimentos. Passamos por processos de construção, fundação, elevação de estacas e fortificações de conhecimento do que o outro tem de mais especial: sua história de vida.

P.D.: A disciplina foi bastante diversificada e interessante, pois, não nos deixou entediados ou dispersos. Gostei muito da criação do blog, embora, não seja apaixonada por computadores, mas, o que não se faz pela literatura?

Encerramos aqui um capítulo desta história. O blog valeu a pena em seus dois meses intensos de postagens (maio e junho). Fiquei alimentando esporadicamente durante o segundo semestre, e agora, despeço-me dele, cumpriu sua finalidade. Até hoje encontro os alunos e alunas que vibram com a experiência. E esperam que outros professores adiram ao uso do blog ou da internet. E essa será uma outra história. Até!


- Não poderia eu deixar a página congelada sem dar uma explicação a todos vocês.



Imagem 1: disponível em: singular.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_02.html
Imagens 2 e 3: Foram produzidas pelos alunos e alunas com massinha de modelar.
Imagem 4: HQ produzida por alunos em uma das atividades da turma, tendo como referência o primeiro quadrinho da equipe do Maurício de Souza.
Imagem 5: "teia congelada", disponível em: http://cacadordemisterio.blogspot.com/2009_12_01_archive.html

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O amanhecer das águas daqui: histórias de grandes rios, seus furos e igarapés


Hoje amanheci com as histórias do povo daqui, na memória de alguém que veio para cá aos 28 anos deixando as águas paranaenses do lado de lá. Talvez aclimatada pelo inverno típico de Belém, ou seja, faz calor, mas de céu nublado e com arzinho de chuva. A temperatura beirou a 25 graus na manhãzinha de hoje. Um sonhar acordado de olhos amanhecidos. A vida é sonho (Barca, 2007) e tudo se mistura, mas, é preciso manter o caráter enigmático do sonho, segundo Benjamin (1984). E assim vamos seguindo entre enigmas e aprendências.

Em meus arquivos duas imagens caraterísticas da Ilha de Cotijuba vieram juntas, trazendo as matutinas idas pedagógicas, e resolvi postá-las por aqui, antes porém, pedindo licença aos alunos de Pedagogia, motivo deste blog.

Um salto deste sonho dei até chegar às palavramundo de Paes Loureiro (1991), marca de boa lembrança que, no vai e vem das ondas do barco pelas águas dos rios-mares paraenses, funda-se nas certezas das narrativas ouvidas pelos intermédios que ecoam dessas águas pardas, pois, para - e com - ele aprendi que os rios “escondem embarcações encantadas na manga de sua casaca de lendas, devora cidades, alimenta populações, guarda em suas profundezas ricas encantarias habitadas pelos Botos, Uiaras, Anhangás, Boiúnas, Cobra Honorato”.


As lendas são a poesia do povo; elas correm de tribo em tribo, de lar em lar, como a história doméstica das idéias e dos fatos; como o pão bento da instrução familiar... mas o povo crê, e não convém destruir as fábulas do povo...Este cultivo dos mitos, não é, talvez, o guardar laborioso das verdades eternas? Machado de Assis

Y la experiência me enseña
que el hombre que vive sueña
lo que es hasta despertar.
(Calderón de La Barca)


Referências:
ASSIS, Machado. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. (V. III)
BARCA, Pedro Calderón de la. A vida é sonho. São Paulo: Hedra, 2007.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Belém: Cejup, 1991.

domingo, 6 de dezembro de 2009

O olhar do amazônida para o céu: mais respeito ao sagrado



É próprio de todas as espécies preparar gerações futuras transmitindo e apreendendo conhecimentos e comportamentos acumulados pelas gerações anteriores. Ubiratan D’Ambrósio.

Foi essa idéia que me deu vazão à criação e implantação do Planetário do Pará. Desde que fui convidada em 1997 pela UEPA (Universidade do Estado do Pará) a elaborar um projeto para a instalação do Planetário do Pará, me veio o desejo de não só ser um centro de difusão do conhecimento, mas, valorização do povo amazônida que habita cada metro quadrado desta terra. Quantos saberes por aí existem, diante do princípio da etnopedagogia (clique nos links para saber mais), com base em Ubiratan D’Ambrósio, resolvi ler mais ainda sobre ecopedagogia, Francisco Gutiérrez-Paulo Freire e Fritjof Capra, percebi interfaces com Edgar Morin, sobre complexidade na educação, e Ilya Prigogine, pela teoria das estruturas dissipativas que nos levam a repensar o papel do nosso tempo, a nossa visão sobre o conhecimento, sobre as leis fundamentais da física que buscam explicar o universo e o fim das certezas. Foi um pulo para conhecer mais de perto Maturana e Varela e entrelaçar realidades, poesia, ciência, cultura e história.

O que eu quero dizer com tudo isso, havia sim muita sabedoria desde os povos primitivos que percebiam as relações de mútuo pertencimento entre a natureza humana e o meio e, de modo interdependente, a dimensão da vida. Naturezas e relações aprendem a lidar com o que é mais sagrado a todos: A VIDA.

Povos indígenas, pescadores, mateiros, ribeirinhos, quilombolas, enfim, todos os que sabem ler o céu, suas estrelas, seus pontos escuros, a luz do sol, a luz da lua e demais fenômenos celestes e o tanto que influenciam em nosso ser, existir, co-existir, transcender-se.

Todos se encantaram com a proposta da etnoastronomia - do Planetário de Porto Alegre ao de Fortaleza - esse daqui seria o primeiro das terras amazônidas. Ainda é. A idéia tranpôs as fronteiras brasileiras e encantou muitos outros países e além do território das Américas. Tudo se deve ao reconhecimento da identidade indígena a partir dos Tembé, quanta semelhança com o povo babilônico. Olhar histórico, sabedoria da mata, dos rios, dos céus se entrecruzavam. Apresentarei devagarinho essa história.

Todos os que chamei para compor a equipe saíram ganhando com os conhecimento da etnopedagogia, este lugar proporcionou muitos vôos científicos, hoje estão constituídos no mundo acadêmico e com titularidades reconhecidas.

Viva Ubiratan D’Ambrósio, através dele adquiri coragem para propor algo enquanto pedagoga em um terreno das ciências exatas e específico da astronomia, sobretudo, agradeço a oportunidade dada pela UEPA. Ganhamos o projeto e com ele o primeiro lugar do Prêmio Jabuti em 2000, na categoria dos didáticos. Na ocasião que recebi o Jabuti ironicamente eu já estava afastada do lugar idealizado e que acompanhava, desde 1997, a promessa de valorização do povo dessas terras paraoaras. As riquezas daqui enriquecem as gentes de outros rincões.

E OS TEMBÉ? E as crianças que a matriarca da aldeia – a capitoa Verônica – muito preocupada com o fato de que elas falam mais o português que o seu dialeto original? Ela me pediu, quando em visita ao Planetário na véspera da sua inauguração, em 30 de setembro 1999, que fizéssemos uma cartilha para resgatar o orgulho, o conhecimento de suas crianças e não ao contrário divulgar saberes aos filhos do branco. Ela tem sua razão, as pesquisas devem ser daqui para eles, e não somente deles para nós. Via única. A minoria necessita ser respeitada em seu território. Porém, a minha promessa ficou no ar, pois, logo em seguida sai de lá, e hoje ainda me ressinto dessa não realização.

O que fazer se a política nesse país muda os rumos dos educadores?

Silencio-me, mas,
não calo na boca notícia ruim. A utopia se faz necessária para viver. É a educação ambiental na alma que reclama e proclama relações de interdependência. Respeito é a palavra da hora.

Apresento a vocês a constelação do "queixo da anta" (Tapi'i Hazywer), que está localizada na mesma região das setes irmãs (as Plêiades - surge no equinócio da primavera). Lá está a estrela aldebaran, que também pertence à constelação do Touro, primeira constgelação criada pelos babilônios (4.000 anos a.C.). E assim os Tembé vivem a "escola da vida". Essa sabedoria casou com o conhecimento etnoarqueoastronômico do professor Germano Bruno Afonso, que foi o nosso consultor e adentrou a aldeia dos Tembé, por fim propus o desafio de elaborarmos o relatório de campo através de uma cartilha para crianças, linguagem clara e consubstanciada de conhecimentos etnopedagógicos com base em piagetiana (cognição) e vigotskiana (mediação). A equipe coordenada por mim entusiasmou-se.


"Nós os índios, sempre cantamos e dançamos nas nossas cantorias, como forma de manter a unidade do nosso povo e a alegria da comunidade. Se a gente cantar e dançar, nós nunca vamos acabar" (Verônica Tembé, Capitoa da Aldeia Tekohaw).

Para saber mais acesse: Mitos e Estações no Céu Tupi-Guarani.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Magia, conto e aprendizagens: o saber das crianças

Olha a cara do vovô... Aprender a contar histórias para crianças utilizando predominantemente o recurso de saber olhar nos olhos e de se sentir encantado com o olhar da criança. Antes mesmo de utilizar recursos secundários como marionetes e livros.

Falar e olhar, olhar e ouvir, olhares que se comunicam entreolhares. Ou seja, há uma linguagem própria e que só existe no entrelugar dos olhares. Foi essa magia que acadêmicos de Pedagogia, do primeiro semestre de 2009, me fizeram reaprender com as crianças colaboradoras durante a disciplina "Literatura Escolar para as Séries Iniciais".

Solicitei que fossem “a campo” munidos com recursos do olhar, da memória do conto e da vontade de aprender com a criança, sua corporeidade, seus movimentos, suas inquietações, suas perguntas; fossem ali observando e anotando tudo o quanto pudessem reter desse momento único para repensar conosco mais tarde. Primeiro nos atos e processos de escrita. Para facilitar deveriam, com o consentimento da criança, dos pais ou professores, capturar imagens desse holos pedagógico e depois compor todo o vivido em um relatório. Olhares etnográficos que registram a respiração, o movimento das mãos, o desvio do olhar...

O que as crianças recontam? O que lhes chamou a atenção? Como elas dialogam com o mediador? Enfim, perguntas que respeitassem o sagrado dessa relação e seus desdobramentos encantadores. Hipnose das aprendências que asseguram sujeitos autores, inventivos, descobridores e solidários. O olhar é solidário. O olhar é sagrado. O olhar se torna mais humano a partir do entrelugar.

A apresentação abaixo fez parte das mediações que ocorreram durante mini-curso "Contos, oralidade, leitura e escrita: a magia do faz-de-conta ressignificando aprendizagens", que desenvolvi com os participantes da V Semana de Pedagogia, durante dois dias do mês de setembro de 2009.


A Magia das Aprendizagens





Algumas imagens utilizadas estavam disponíveis na internet, outras foram capturadas em uma viagem que fiz ao Paraná, em setembro de 2009, passagens que representam a temporária despedida de meu irmão querido, e outras mais felizes retratam momentos de sala de aula do Curso de Pedagogia e de ações pedagógicas da Escola Bosque.

Essas figuras foram criadas pelos participantes do mini-curso: qual é a cara do teu monstro? Ela dá medo? Penso que depois do mini-curso deixaram de estampar, o medo foi reelaborado... Parece simples.


- Afastar nossos fantasmas? Não, percebê-los que no fundo são frutos da imaginação.


- Que monstrinhos mais simpáticos, você não acha?

sábado, 3 de outubro de 2009

TITANIC - lenda viva

PROCESSO DE LETRAMENTO: memorial dos adultos colaboradores de acadêmicos de Pedagogia

A manchete "NAVIO NAUFRAGOU NO ATLÂNTICO NORTE E MATOU 1500 PESSOAS", está na memória de uma lúcida senhora de 103 anos, descendentes de escravos, que diz ter aprendido a ler em 1912 à bisneta, aluna do segundo semestre de Pedagogia da Faci. Ela sofreu muito preconceito na época e ao tentar ingressar em um programa de alfabetização do governo na década de 40, sofreu novo preconceito: mulher não devia estudar. E negra. Hoje se sente muito satisfeita com seus bisnetos, netos e filhos, pois, todo mundo pode aprender a ler.

A família diz que a matriarca tem mais idade do que está em seu registro, pois, foi a data que cartorizaram a sua cidadania.

Os alunos do curso de Pedagogia aprendem muito com as histórias de letramento de patriarcas e matriarcas de sua família ou amigos, é o retrato de um Brasil, daí começamos a conversar sobre a evolução histórica dos métodos de alfabetização. Tem muita história do lugar, da política, da cultura, das marcas. Delineamos a história a partir da Ego-história, no laboratório vivencial das aprendizagens. O ensino se torna mais concreto, compreensível, pois, o aluno - com as suas referências vivas - se percebe no movimento através do pensamento reconstrutivo.

Segundo Nietszche "nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmos, somos desconhecidos - e não sem motivo. Nunca nos procuramos". Estudar dessa maneira com os alunos é se sentir aprendente com eles da história que vamos reconstruindo e nos percebendo nela. Assim considero-me mediadora do conhecimento entre a história sistematizada, os acadêmicos e suas referências, reconstruindo nossa cidadania e co-autorias.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

LENDA DA MANDIOCA (do tupi Mani'oka) - Reconto

Uma passagem pitoresca...
Pensei duas vezes antes de fazer essa postagem. Espero que gostem e me ajudem a pensar mais. A turma riu bastante, mas, acerca das palavras refletimos muito, professora e futuros pedagogos, em nossa roda de conversas sobre mitos, pré-conceitos, linguagem, conceitos de infância e concepção de criança.

A narrativa trouxe elementos originais e interessante para o pensar duas vezes.
O menino, que tem 8 anos, advertiu o acadêmico Daniel Paz que não iria lhe recontar nada, até porque tudo o que ele falasse poderia ser usado contra a sua pessoa nos tribunais. Essa criança colaboradora vem de uma família de advogados: pai, mãe e irmã. Porém, em sua pressa, o menino aceitou fazer desenhos referentes ao conto.

- Um episódio estranho, bizarro ou hilário?

Durante a conversa que antecedeu o trabalho da dupla, Daniel e Diana Kelly, que estava interagindo com essa criança a fim de descontrai-la, o acadêmico lhe falava sobre um caso de uma criança comprar alguma coisa para sua mãe bem próximo da residência delas. Ao que ele interveio dizendo que aquilo era uma “improbidade administrativa” (administrador desonesto; administrador de má-fé; vantagens indevidas; corrupção administrativa). Deixando os dois acadêmicos boquiabertos.

- Exemplo de uma criança inteligente ou de um adulto em miniatura?

- As crianças reproduzem ou simplesmente fazem releitura e recolocam palavras em contexto diferente do âmbito privado da casa? Quando essas palavras familiares tornam-se parte do repertório pessoal? É a palavra-mundo da família? A competência do falante desvela o locus sociocultural. E a escola?

- Qual o sentimento de infância e suas relações com as realidades vividas e percebidas?
Sobre seu desenho ele ficou surpreso ao perceber que a palavra oca que escreveu acima da casa dos índios, estava "dentro" da palavra mandioca - que ele pôs no canto esquerdo superior da cartolina e bem acima dos desenhos que ficaram na parte inferior.

domingo, 14 de junho de 2009

Conto e Reconto: representações

O Reizinho Mandão, de Ruth Rocha
O menino de 10 anos, ouviu o conto das acadêmicas do 3o. semestre, do Curso de Pedagogia, Célia Maria e Regina Célia.

Interrogações surgiram, por que ao invés de recontar, L. preferiu desenhar e construiu as falas/pensamentos nos balõezinhos. L., estuda no 7o. ano.

Os acadêmicos ficam sempre preocupados quando se deparam com essa resposta diferente do que esperavam.

Por que as crianças maiores não correspondem? Não gostaram muito do conto? Não gostam de recontar? Inibem-se? Tem medo? Ficam inseguras? Estilos diferentes?

As crianças menores, ao contrário, colocam-se mais à vontade para recontar. Olham nos olhos, sorriem e fazem gestos. Por que a diferença?

Detalhes do desenho de L.